terça-feira, 28 de outubro de 2008

like an ATM

Posso interromper?!
Chegou-nos este crédito...
Posso interromper?!
Falta certamente alguim débito...
Papel que vale milhões...
A coisa escrita...

Um destes dias coloco um anúncio à frente da secretária... Não tenho talões...
E vou ver se alguém quer meter cartão assim mesmo...

Ah! antigamente o hábito era interromper sem sequer perguntar...
Eduquei-os, pelo menos, a perguntar primeiro...
Tenho que ensina-los a olhar e a verificr se os meus olhos e os cabelos em pé querem dizer que estou ocupado ou não...

Ainda hoje é terça-feira...

Um bom dia...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

as horas


Vai mudar a hora...
Sair de casa escuro e voltar mais escuro ainda...
Luzes vermelhas do meu lado do trânsito e brancas do outro lado!...
Tudo parado!...
A chuva que cai...
Guarda chuvas molhados que entram em autocarros de sardinhas conserva... ensopando ainda mais quem por lá está...
Catarros matinais guardados exactamente para distribuir pela lata...
Últimas baforadas num cigarro que serve para aquecer, fumado com o estômago vazio...
Trocos que se deveriam ter guardado no dia anterior para pagar a corrida... mas que se gastaram na última pinga de bagaço...
As mãos trémulas, os lábios roxos, os sapatos enlameados...
Calcar lamas!... sentir grãos duros nas solas...
O cicatrizar dos solos...

Os vidros turvos...
Onde brincava às mensagens...
Onde desenhava corações e bonecos de nariz grande...
Onde marcava impressões digitais gravadas nesse bocado de fronteira com o mundo exterior...

Os fumos que saem das bocas...

Um dia vi os homens a deitar fumo pela boca...
E prometi a mim mesmo que quando isso acontecesse eu iria papagaiar...
E ainda hoje quando vejo os homens expirar... também expiro com todas as forças... e vejo o fumo sair... até que fui arranjando aprendizagens para fazer bolinhas de fumo... e vê-las subir pelo ar... Fui arranjando forças para ser locomotiva... para puxar todos os comboios que já pararam na minha estação!...

E ainda hoje vejo a pouca-terra que fomos criando...

-Olha pa'inho o comboi xá vai!...

Ganhava sempre uma festa nas bochechas... com uma lenga lenga acoplada...
Tuca-tuca saramuca...
E claro está um sorriso feito de dentes que se lavavam com carvão...

Voltaremos ao antigamente?!
Ou o comboio já partiu?!

Bom final de semana
José

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

pacientemente



(após ouvir YO YO MA)

Que se alarguem as avenidas parisienses!...
Que se pinte o Sena de verde!... E todo o mar!...
Que se construa mais belo que Suleyman...
Que se alarguem os horizontes até Tau Ceti ou ainda mais além...

Porque a minha paciência jamais acabará...
E os rios onde a vou alimentar jamais secarão...
Nem que todas as folhas cubram todos os céus...
Nem que todos os troncos desvairem em nós indecifráveis...

A minha paciência será cantada pelos pássaros...
Da cor ao estado cinza...

Arco-íris cascatados começarão a brotar...
E no final do curso todos os potes se partirão...
Transformando-se em gotículas de estrelas...
Em chuva de Sol...

E continuarei a plantar árvores de paciência
Fruto de uma única verdade...
A nossa!...
Que fluirá livre como o céu...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

De consciência





Fazer tudo de consciência e esquecer a emoção...
Frio como uma manhã de nevoeiro que não apetece levantar...
Mais cedo que o Sol já desorizontamos...
E a lua tão bela ontem!... Cheia.. carregada de tantas coisas boas...

Olhos marejantes...
Não têm consciência...
Tal como diferenças de verde por entre as sombras...
Só belo... Sem comparação...

Sinto-me escorregar como raios de Sol...
Preguiçosamente entre teus seios...
Tácteis... Sentidos tácteis que ficam sem sentido...
Cego por entre pernas que se abrem como ondas que docemente marcam novas areias...

E desmaio...
O nosso primeiro toque...

De consciência tenho as lembranças e as fotografias que vão ficando gravadas...
Inconsciente...
Quando deixo a Natureza fluir...
Selvagem como o vento...

Só assim estou bem...
Só assim estamos bem...
Só assim te sinto bem...
Só assim me sinto bem...

Um beijo
Dorme bem... até amanhã!...

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