já não há muitas classes sociais...
Há a classe que vive e a classe morta!...
E no meio disto tudo anda a meia morta... e a meia viva... tipo uma classe assombrada por todos e quaisquer problemas... A meia viva vai consguindo dar a volta ao texto.. e ainda arranja coragem para pintar a casa que tão morosamente demorará a pagar...
A meia morta, já vai andando com o carro desfeito.. ou na garagem, até porque já não há dinheiro para compor e a inspecção (que tão carinhosamente apelidam de "vestoria"!)obriga ao brilho da viatura...
No meio disto tudo... esquecem que todos têm que viver... mas a vida de pataco é feita destes pequenos nadas... e ainda têm os outros a lata de dizer isto - dono de uma fábrica de sofás - gosto muito de conviver convosco e de comer este arroz de sangue (da gravata já lhe caíam greiros do mesmo e a sua camisa branca já estava cravejada de caminhos que mais pareciam as minhocas que cavam túneis),
chuchando os ossos com as mãos... Aqui é que me sinto bem!...
E toda a gente dos meio mortos agradeceu a benesse... e sentiram-se um pouco mais vivos!...
No entanto, agora que lhes pedimos que comam com a boca fechada e que não peguem no frango com as mãos... dizem... eu convivo muitas vezes com pessoas de muito dinheiro... e eles fazem igual...
Que a candeia esteja sempre
acesa dentro da desgraça... e que cantemos para sempre...